quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Era uma vez...

 Um homem com tendência a admirar o belo. Que lia poemas e se expressava pela música. Desfilava sua sensibilidade de homem natural através da admiração pela artes. Sensível e sincero, sem ostentação e arrogância. Um homem cujos músculos cerebrais eram constamente trabalhados em exaustivas abdominais mentais, que lhe deixavam o cérebro com aquela aparência de tanquinho. Exercitava sua sensibilidade viajando pelos sentidos básicos...pelo olfato ao sentir o perfume das flores. Pela música ao ouvir melodias dos acordes que lhe tocavam o coração. Pela visão do sorriso da mulher amada, que feliz e satisfeita, lhe transmitia o prazer de compartilhar. Pelo paladar, ao devorar letras á exaustão. E que tateava os corações alheios expressando-se de forma natural. Comum e sensível e que nada mais possuía além do lugar comum e da rotina.Este homem viu nascer uma nova mulher.


A mulher que caça e vê no homem sensível e natural,uma fraqueza da alma e do corpo. O corpo simbolizado pelo nascimento de outro tipo de homem, muito mais atrativo.

A que cultua os músculos abdominais da insensibilidade do coração, recheado pela pujança fálica de sua conta bancária.Tal qual epidemia, esta nova mulher espalhando seu vírus, passou a contaminar suas iguais, que passaram a admirar o Cyber Neanderthalensis, desprovido de essência de músculos mentais, cujo expoente máximo de admiração oscilava entre Arnold Schwarzenegger e o herói de “O ultimo tango em Paris”. Que se orgulhava das brincadeiras de sedução, da barriguinha tanquinho e conta bancária. Que gostava de ser chamado de “meio-cafajeste” um afago no ego que lhe soava como “irresistível e chamoso.”O homem natural e sensível perdera a preferencia desta nova mulher, que agora cultuava o novo homem Cyber Neanderthalensis cuja maior preocupação era usar uma fita métrica para medir seu poder fálico estampado no sorriso da nova mulher, que passara assim a buscar mais e mais espécies para suprir sua carência afetiva cada vez maior, cujo vazio existencial só aumentava a cada Enter e delete de seu mais novo brinquedinho de sedução, em um entra e sai febril, literalmente.O antigo homem natural e sensível morreu.



E quem causou sua morte foi a nova mulher que pariu um novo homem.